O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o número estimado de casos novos é de 71.730 casos, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, representando uma importante causa de morbidade e mortalidade masculina. Apesar disso, muitos homens ainda negligenciam a realização de exames periódicos, o que compromete a detecção precoce da doença e dificulta o tratamento eficaz.

Uma pesquisa realizada pelo hospital A.C.Camargo, em parceria com a Nexus no ano passado, revelou que três em cada dez homens nunca realizaram, nem têm intenção de realizar o exame de toque retal. O estudo ainda apontou que 44% dos entrevistados não têm conhecimento sobre métodos de prevenção do câncer de próstata, que é uma das principais causas de morte entre homens no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em 2023, essa enfermidade foi a responsável pela morte de 47 homens por dia no país.

“A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, localizada abaixo da bexiga e à frente do reto, cuja função principal é produzir parte do sêmen. O câncer de próstata ocorre quando as células dessa glândula passam a se multiplicar de forma desordenada, formando um tumor, que pode crescer lentamente e permanecer restrito à próstata, ou, em casos mais agressivos, invadir outros órgãos e gerar metástases”, explica o urologista Elizeu B. Neto, especialista em urologia oncológica pelo Hospital do Câncer de Barretos. 

Elizeu Neto enfatiza que a consulta médica anual é essencial para o rastreamento do câncer de próstata, especialmente porque, em suas fases iniciais, a enfermidade costuma ser silenciosa, não apresentando sinais ou sintomas evidentes. “Quando sintomas como dificuldade para urinar, jato urinário fraco, necessidade de urinar com frequência ou sangue na urina aparecem, geralmente o câncer já se encontra em estágio mais avançado”, complementa. 

Realizar o acompanhamento médico regular permite identificar alterações precoces na próstata, mesmo antes do surgimento de sintomas, aumentando significativamente as chances de cura e reduzindo a necessidade de tratamentos agressivos.

Rastreamento do câncer de próstata

O rastreamento do câncer de próstata consiste na realização periódica de exames que avaliam a saúde da próstata, geralmente a partir dos 50 anos de idade para homens sem fatores de risco. Para aqueles com histórico familiar da doença (parentes de primeiro grau, como pai ou irmão) ou que pertencem à população negra — grupo que apresenta maior risco —, o rastreamento deve iniciar por volta dos 45 anos.

Os principais exames utilizados são:

Toque retal: Exame clínico no qual o médico avalia o tamanho, a forma e a consistência da próstata através do reto. Embora ainda gere resistência em muitos homens, trata-se de um procedimento rápido, indolor e fundamental para identificar alterações suspeitas; 

Dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico): Exame de sangue que mede os níveis de uma proteína produzida pela próstata. Valores elevados podem indicar a presença de câncer, mas também podem estar relacionados a outras condições, como prostatite ou hiperplasia benigna da próstata; 

Caso sejam detectadas alterações nos exames iniciais, o médico poderá indicar exames complementares, como ultrassonografia, ressonância magnética ou biópsia prostática.

Um dos principais obstáculos ao rastreamento do câncer de próstata é o preconceito e a resistência de muitos homens em relação aos exames, principalmente ao toque retal. 

“A falta de informação e o medo afastam os homens dos consultórios médicos. No entanto, é fundamental compreender que o cuidado com a saúde deve estar acima de preconceitos. A realização de exames preventivos demonstra responsabilidade consigo mesmo e com a família, promovendo saúde, qualidade de vida, bem-estar e longevidade”, frisa o urologista Elizeu Neto, que atua em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.