O Brasil alcançou a marca histórica de 575.930 médicos ativos, atingindo uma proporção de 2,81 médicos por mil habitantes, de acordo com dados recém-divulgados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Esse é o maior crescimento já registrado no país e reflete não apenas a expansão da formação médica, mas também uma nova realidade no mercado da saúde: a saturação de profissionais em determinadas áreas e regiões.
Com mais médicos atuando e o avanço das tecnologias de comunicação, o marketing digital se tornou uma ferramenta indispensável para quem deseja se destacar — especialmente após a Resolução CFM nº 2.336/2023, que atualizou as regras sobre publicidade médica, autorizando a divulgação de selfies, vídeos de procedimentos, uso de equipamentos e presença ativa em redes sociais.
Mas em meio a tantas vozes, como construir uma imagem sólida e ética no ambiente digital?
O desafio da autoridade em um mercado saturado
Para Jussara Sanches, especialista em posicionamento de autoridade no digital, a nova resolução abre portas, mas também exige mais responsabilidade e estratégia por parte dos médicos.
“Ter permissão para aparecer não significa que qualquer exposição vai gerar credibilidade. O que diferencia um médico com autoridade digital de um perfil comum é o conteúdo, a clareza da mensagem e o compromisso com a educação do público.”
Ela destaca que o paciente atual não busca apenas um médico tecnicamente competente, mas alguém em quem possa confiar, que saiba comunicar seu propósito, sua ética e seu diferencial.
Estratégias para médicos se destacarem no digital, segundo a especialista:
1. Conteúdo de valor é prioridade
Publicar vídeos, posts e textos com explicações claras, base científica e linguagem acessível.
“Educar é o novo vender. Quando o médico ensina, ele constrói autoridade sem precisar se autopromover.”
2. Humanização e autenticidade
Mostrar os bastidores do trabalho, a rotina do consultório e bastidores da profissão aproxima o público, sem vulgarizar a medicina.
“O paciente se conecta com o médico, não com o diploma.”
3. Posicionamento claro e coerente
Ter um foco específico, comunicar para um público-alvo definido e manter consistência na mensagem.
“Quem tenta falar com todo mundo, acaba não impactando ninguém.”
4. Uso ético da imagem e dos resultados
Com a nova regulamentação, médicos podem divulgar resultados e utilizar recursos visuais. Mas o bom senso continua sendo a linha-mestra.
“É possível promover sem prometer cura. O limite é sempre a ética.”
5. Presença multiplataforma com estratégia
Estar no Instagram, LinkedIn, YouTube ou até podcasts pode potencializar a visibilidade, desde que haja uma estratégia de conteúdo por trás.
“A presença digital precisa ser pensada como parte da jornada do paciente, não como uma vitrine de vaidades.”
O futuro da medicina passa pelo digital — e pela reputação
Com mais profissionais no mercado e maior liberdade para se comunicar, o diferencial agora está na capacidade de construir autoridade com propósito, técnica e verdade.
“Ser médico no Brasil de hoje exige mais do que excelência clínica. É preciso saber se posicionar com clareza e ética para se tornar referência em meio à multidão.”