A Importância da Formação Artística: Além da Visibilidade dos Seguidores
A crescente obsessão por números de seguidores nas redes sociais tem despertado uma reflexão importante sobre o impacto dessa busca desenfreada por popularidade na formação artística. Em um cenário onde a quantidade de seguidores muitas vezes substitui a qualidade e a profundidade do desenvolvimento técnico e criativo, questiona-se: até que ponto essa valorização do número de fãs compromete a essência da arte?
Primeiramente, é fundamental reconhecer que as plataformas digitais democratizaram o acesso às expressões artísticas, permitindo que artistas de diferentes origens tenham voz e visibilidade. No entanto, essa exposição massificada também trouxe uma mercantilização da arte, onde o sucesso muitas vezes é medido pelo número de seguidores, curtidas e compartilhamentos, em detrimento do aprimoramento técnico e da busca por uma formação sólida. Assim, artistas podem priorizar estratégias de marketing e conteúdo que gerem maior engajamento, mesmo que isso signifique abandonar aspectos essenciais de sua formação ou aprofundamento artístico.
Imagem reprodução da Internet
Além disso, a busca por seguidores tende a privilegiar produções mais superficiais, que apelam para o imediatismo e o consumo rápido, em detrimento de obras que exijam reflexão, técnica e uma compreensão mais aprofundada. Nesse contexto, a formação artística, que tradicionalmente envolve anos de estudo, prática e reflexão, é muitas vezes desvalorizada ou vista como secundária frente ao impacto instantâneo obtido por uma grande quantidade de seguidores. Essa inversão de valores pode levar à perda da autenticidade e do compromisso com a evolução técnica, essenciais para a verdadeira arte.
Outro ponto preocupante é que a ênfase na quantidade de seguidores pode gerar uma cultura de validação superficial, onde o valor do artista é medido apenas pelo número de fãs, e não pela qualidade e significado de sua obra. Essa lógica fomenta uma espécie de competição vazia, na qual a originalidade e o amadurecimento artístico ficam em segundo plano, favorecendo produções que agradam ao público imediato, mas que podem carecer de profundidade e impacto duradouro.
Por fim, é importante refletir sobre o papel do artista na sociedade. A formação artística deve estar pautada na busca pelo aprimoramento técnico, na compreensão cultural e na capacidade de provocar reflexão. Quando a quantidade de seguidores substitui esses aspectos, corre-se o risco de transformar a arte em meramente um produto de consumo, perdendo sua essência transformadora e seu potencial de questionamento.
Em suma, embora os seguidores possam representar uma ferramenta de visibilidade, não podem substituir a formação artística, que envolve dedicação, estudo e auto-conhecimento. Valorizar apenas os números de seguidores é reduzir a arte a uma mercadoria superficial, negligenciando sua função mais profunda de expressão, reflexão e transformação social.
Elson de Belém é Artista e Comunicador Cultural