Por Adriana Passari - @adrianapassari
Tia Maria
O recado da prima pelo WhatsApp foi bem direto. Tia Maria faleceu. Fico triste na hora. Uma tristeza sem choro e sem lágrimas. Só uma tristeza de despedida. Mais uma confirmação da finitude da vida. Mais um ente querido da extensa família que segue o destino, no tempo certo, após uma longa e completa jornada. Tia Maria leva da vida tudo que viveu, ensinou, aprendeu e amou.
Amou sua terra vermelha no quintal do sítio que morava onde vira e mexe a sobrinhada brincava arrancando chuchu do pé e destrinchando com o canivete velho e mal amolado que deixava por perto para a lida na horta.
Ela amava as crianças, do jeito dela, sem grandes gestos de afeto, mas com a cordialidade de uma anfitriã sempre disposta a mostrar a terra e os frutos que ela dava. Ali, sob o olhar e a fumaça do cigarro de palha que o tio Miguel pitava, com as mãos e as unhas sujas de terra, suas filhas e sobrinhos viveram muitas alegrias. Maria amou. Amou a família, os irmãos, os amigos.
Ao lado do tio Miguel, tia Maria também amou sem medidas a filha especial que os céus a regalaram. Ela foi forte pelas duas, esticou até onde pôde a corda da vida até que o tempo esgotou.
Imagem criada por IA
Ficam para trás as boas memórias, sua voz rouca, sua presença forte, suas lições. A minha tia Maria era assim, como tantas outras Marias, com seus erros e acertos. Descanse em paz Maria.
Ouça a história na voz de Adriana Passari: