Por Adriana Passari - @adrianapassari
O pouso do beija-flor
Ele veio voando feito um passarinho, já que passarinho o é. Mas não veio feito qualquer passarinho, veio voando gracioso, com bater de asas acelerado, frenético, calculado, magnético, lindo como a flor que ganhou seu beijo. E beijou. Beijou, bateu asas e novamente voou.
E ainda outra vez voltou e beijou. E assim o encantamento, ou ‘encontramento’, seguiu o ritmo e o rumo da natureza. A estação mudou, a flor secou, a folha caiu, a chuva molhou, o sol se abriu. No céu, um arco traçado de sete cores se escancarou sem timidez. Exuberante e exibido sem pressa para se redimir. Tanta beleza que chega a ser provocação.
No ar, um aroma de doce cor de rosa, que também é uma flor, que tem espinhos, apesar de tanta delicadeza em cada pétala aveludada. Violetas também são cores. Roxas, azuis, lilases e brancas. Cada desabrochar exala um quê de maravilhoso milagre.
As cores são tantas que atraem olhares. E atraem voares. De abelhas rainhas e operárias, trabalhadeiras. Que zumbem soares. Sinfonia orquestrada, embalada por uma doce e suave toada. E num inesperado bater de asas, eis que surge de volta, o esperado vôo do beija-flor.
Entre as árvores, veio voando e pousou num pé. Num pé de que? Pé de Menina! E lá firmou residência, fixa, tatuada na pele e no coração.
Ouça a história na voz de Adriana Passari: