Por Lícia Mangiavacchi
Quando a mulher completa 40 anos, seu corpo passa por transformações silenciosas, porém muito significativas. É nesse período que se inicia uma “quebra” hormonal importante, marcada pela redução gradual dos níveis de estrogênio e progesterona. Embora, do ponto de vista social, essa fase ainda seja considerada precoce para o envelhecimento, a realidade biológica mostra que o climatério pode se instalar de forma antecipada, trazendo sinais físicos e funcionais que impactam diretamente a saúde e a autoestima.
A mulher contemporânea, ativa socialmente, no auge da carreira e com grande vitalidade, depara-se com mudanças que exigem atenção especial. A queda da produção de colágeno, por exemplo, gera flacidez dos tecidos e ressecamento, inclusive da região íntima. Além disso, alterações hormonais e fatores externos podem provocar escurecimento da vulva, perda de elasticidade, frouxidão vaginal e até casos leves de incontinência urinária. Essas transformações não afetam apenas a aparência: elas repercutem no bem-estar, nas relações pessoais e até na vida sexual, exigindo novas abordagens de cuidado.
O universo da saúde íntima feminina, nesse sentido, tem passado por uma grande transformação nos últimos anos. O que antes era pouco discutido, hoje começa a ser tratado com naturalidade em consultórios médicos e até em clínicas de estética especializadas. Entre os procedimentos que mais ganharam espaço estão o estímulo de colágeno e o clareamento da vulva, que aliam benefícios estéticos e funcionais.
Apesar de muitas vezes associados apenas à estética, esses tratamentos vão além da aparência. Eles contribuem para amenizar sintomas que incomodam as mulheres no dia a dia, fortalecem a saúde íntima e impactam de maneira positiva a qualidade de vida. “Muitas mulheres relatam desconforto com a flacidez da região íntima e com alterações de coloração da pele. O tratamento adequado ajuda a recuperar a confiança e contribui para o bem-estar”, afirma a médica Bruna Begossi, especialista em ginecologia, obstetrícia e reprodução humana. Referência em tratamento de reprodução assistida na cidade de Campinas, interior de São Paulo.
O estímulo de colágeno é atualmente um dos procedimentos mais procurados, podendo ser realizado por meio de tecnologias como radiofrequência, ultrassom microfocado ou laser. Essas técnicas promovem a ativação natural da produção da proteína responsável pela firmeza, sustentação e elasticidade dos tecidos. Além de melhorar a aparência da região íntima, o procedimento traz ganhos funcionais, como a melhora do ressecamento vaginal, o aumento do conforto durante as relações sexuais e até a redução de casos leves de incontinência urinária. “O estímulo de colágeno não é apenas estético. Ele melhora a qualidade dos tecidos, o que reflete na saúde íntima, no bem-estar urinário e no prazer sexual”, explica Bruna Begossi.
Já o clareamento da vulva é indicado para mulheres que enfrentam escurecimento da pele da região íntima, algo que pode ser causado por fatores hormonais, envelhecimento, atrito, uso de roupas apertadas, gestações ou predisposição genética. Quando realizado com protocolos seguros e produtos adequados, o procedimento oferece resultados naturais e respeitosos à saúde. “O clareamento, quando realizado com produtos específicos e protocolos seguros, proporciona resultados naturais e respeitosos à saúde da mulher”, reforça a especialista.
É importante, no entanto, que esses tratamentos não sejam banalizados nem encarados como imposição estética. Cada paciente deve avaliar suas motivações e compreender os limites, cuidados e expectativas de cada técnica. “É fundamental que a paciente entenda os cuidados e os resultados possíveis. Dessa forma, conseguimos garantir segurança e satisfação no processo”, acrescenta Bruna Begossi.
Outro ponto essencial é que os procedimentos devem sempre ser realizados após consulta médica, em ambiente adequado e sob acompanhamento profissional. Intervenções caseiras, soluções clandestinas ou produtos sem recomendação médica podem trazer riscos graves, como queimaduras, cicatrizes e infecções irreversíveis.
Por outro lado, os avanços da medicina têm tornado esses recursos cada vez mais seguros, personalizados e eficazes. Os protocolos podem ser adaptados conforme a idade, o histórico de saúde, a sensibilidade da pele e os objetivos individuais de cada paciente, garantindo resultados que vão muito além da estética.
Com a combinação de novas tecnologias, mudanças culturais e maior abertura para falar sobre saúde íntima, cresce também a percepção de que esses cuidados fazem parte do bem-estar integral da mulher. Mais do que aparência, os tratamentos íntimos representam autoconhecimento, saúde e acolhimento em um momento da vida em que o corpo pede atenção redobrada. Como conclui a ginecologista Bruna Begossi: “Mais do que estética, esses tratamentos representam cuidado, autoconhecimento e saúde. Quando a paciente se sente bem com o próprio corpo, isso reflete em todas as áreas da vida”.