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Coluna: Entre Linhas com Ivana Negri

Publicada em: 30/10/2025 09:17 -

Dia das Bruxas e da Dona de casa

Ivana Maria França de Negri

 

            Pesquisando em um calendário de datas comemorativas, descobri que o dia 31 de outubro, além de ser dia das bruxas, tema importado dos EUA, que festejam com estardalhaço o Halloween, também é dia da dona de casa. Por que será que escolheram a mesma data para a comemoração? Será que é porque ambas têm em comum o uso da vassoura? É certo que toda dona de casa tem certos dons mágicos que lembram os de uma feiticeira, mas as semelhanças param por aí.

Também consta como sendo o “Dia do Saci” e “Dia Nacional da Poesia”. Não aceito esse dia como sendo dia da poesia, continuarei a comemorar em 14 de março, aniversário de Castro Alves, como vem sendo festejado desde 1977, há quase 50 anos. E o dia do Saci, no mesmo dia de Halloween, foi colocado de propósito para resgatar e valorizar o folclore e tradição brasileiros.

            Aposto que quase ninguém sabe que existe o dia da “dirigente do lar”. Pois se celebramos com muita festa o dia das mulheres, das mães, dos pais, dos professores, das crianças e até os animais têm um dia consagrado a eles, por que não comemorar o dia da dona de casa? Mas temo que nenhuma queira comemorar a data. É horrível assinar no campo “profissão” o termo “dona de casa” ou “do lar”. 

A verdade é que mesmo as profissionais médicas, advogadas, dentistas, jornalistas, engenheiras e tantas outras, sempre serão donas de casa em primeiro lugar, mesmo que contem com inúmeras ajudantes e funcionárias. É preciso alguém para coordenar os trabalhos e administrar o que tem de ser feito. E isso gera a dupla jornada diária que não admite folga nem nos feriados e finais de semana.

Ser dona de casa engloba os serviços de faxineira, cozinheira, lavadeira, passadeira, costureira, motorista, administradora, contadora, babá, isso sem contar que é preciso ter noções de primeiros socorros para as emergências, de psicologia infantil para lidar com problemas, de veterinária para acudir o gato e o cachorro da casa, e ainda ter jogo de cintura para depois da dupla jornada, cuidar da aparência, fazer academia e manter-se sempre em forma.  Há muita cobrança da sociedade de quem não cuida da aparência.

Hoje em dia existem muitos donos de casa, maridos que cozinham, fazem as compras no supermercado, cuidam das crianças e dividem as tarefas com a esposa que também trabalha. E muitos, quando estão desempregados, o fazem com muita competência enquanto a esposa ganha os recursos para manter o lar.

Eu acho que deveriam mudar a denominação de dona de casa para um termo mais adequado, algo assim como dirigente, supervisora ou administradora familiar. O título de  “Rainha do Lar” também é uma lástima...  Já se foi o tempo da Amélia, aquela que “não tinha a menor vaidade, a que era a mulher de verdade e achava bonito não ter o que comer” (letra da música de Ataulfo Alves e Mario Lago de 1942)

Assim como as mágicas feiticeiras que dividem conosco as honras do dia 31 de outubro, damos conta do recado! E olhem que nem contamos com a ajuda das varinhas de condão!

 

Ivana Maria França de Negri é escritora

 

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