Por Adriana Passari - @adrianapassari
Intuição
Sentia o cheiro de enganação à distância. Desde pequena a mãe percebeu que a menina pegava as coisas no ar com facilidade. Era difícil fazer alguma surpresa pra ela sem deixar rastro.
Por isso mesmo, não gostava de surpresas. Sempre descobria antes e acabava tendo que fingir para não magoar as pessoas. Adivinhava finais de filmes e novelas antes das revelações finais. Essa menina devia ser detetive, dizia o pai, sem esconder o orgulho da cria.
Quando criança ganhou de presente o jogo Detetive e brincou muito com a família, quase sempre era a primeira a adivinhar: Coronel Mostarda, com o candelabro na biblioteca!! Gritava toda empolgada!! Dona Branca, com a faca na sala de música!! Certo Natal chegou a ganhar uma roupinha feita sob medida inspirada no personagem Sherlock Holmes.
O pai queria acrescentar um cachimbo de verdade à fantasia para ficar mais completa, mas a mãe vetou, trocou por uma lupa, muito mais legal. Ela se divertiu muito! Uma das coisas que ela mais gostava era da literatura. Lia de tudo um pouco, e muito do que mais curtia, os livros de mistério. Leu muitas obras de Ágatha Christie e de outros autores conhecidos ou não.

Na vida real, a menina cresceu e se tornou uma requisitada psicóloga. Gostava de interpretar as mentes das pessoas e usava seu talento natural para ajudar no trabalho. Muitas vezes intuía aquilo que o paciente demorava para revelar. Mas ela sabia que com as pistas certas, ambos iam encontrar as respostas.
Ouça a história na voz de Adriana Passari: