A mudança começa com a
participação de todos
Sabemos que as crianças e os adolescentes, tem
direitos, garantidos por lei, de crescer em um ambiente que respeite a sua dignidade
e promova o desenvolvimento e a proteção integral. Contudo, esse direito só
será garantido se a sociedade como um todo assumir sua parcela de
responsabilidade. É vital que as iniciativas avancem além dos discursos e sejam
de fato implementadas.
Nos últimos tempos, temos observado um aumento significativo de perfis, especialmente no Instagram, comentam sobre os riscos da internet. Infelizmente, muitos desses conteúdos apresentam uma abordagem sensacionalista, sem validação de fontes confiáveis ou respaldo técnico. Essa prática não só confunde a todos como contribui para a desinformação, um problema tão grave quanto a ausência de informação. É importante ressaltar que é preciso se aprofundar e conhecer melhor sobre o assunto antes de compartilhar, comentar e criar autoridades no assunto, que de fato, por si só, é falsa. Por que isso é importante?
Imagem do freepik
Porque
não aprendemos com sensacionalismo, criamos medos e aplicamos medidas descontroladas e desproporcionais
com as crianças e com os adolescentes especialmente. Além disso os prejuízos
podem ser mais profundos porque interfere diretamente na opinião que formamos
para a elaboração de políticas públicas eficazes.
Tudo
isso, prejudica a relação de confiança entre crianças, adolescentes e seus
cuidadores, e compromete a percepção coletiva sobre a importância de abordagens
informadas e equilibradas. Quando o medo toma o lugar do entendimento, acabamos
reforçando estigmas e aplicando restrições desnecessárias que sufocam o
potencial educativo e criativo da tecnologia. Pior ainda, interferimos
diretamente na construção de políticas públicas que deveriam ser guiadas por
dados sólidos e evidências, mas que acabam moldadas por opiniões alarmistas e
desconectadas da realidade. Isso gera uma cultura de proteção mal direcionada,
que prioriza medidas superficiais e imediatistas em vez de estratégias
sustentáveis e baseadas em fatos.
Por
isso, é essencial se aprofundar nos temas e promover mudanças que sejam sustentáveis
e consistentes, baseadas em informações sólidas e práticas que realmente
impactem de forma positiva o futuro das crianças e adolescentes no ambiente
digital.
O fato
é que
É
necessário destacar a importância de iniciativas estruturadas, como as
diretrizes previstas pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), o PNE
(Plano Nacional de Educação), a PL 228/2022, e a Resolução 245/2024.
Esses marcos regulatórios não apenas orientam a inclusão do tema no ambiente
escolar, mas também exigem engajamento de todos os setores da sociedade na
formulação e execução de estratégias educativas e de proteção.
Hoje, mais de 30% das crianças no Brasil acessam a internet
antes dos 10 anos, muitas vezes sem supervisão adequada. Isso as expõe a todo e
qualquer risco relacionado à contato com pessoas mal-intencionadas e
tecnológicos como àqueles relacionados à superexposição e ao compartilhamento
de dados pessoais. Sem o envolvimento de pais e responsáveis, essas ameaças se
tornam ainda mais difíceis de mitigar.
Precisamos
educar, proteger e regular. Essa tríade é fundamental para que crianças
e adolescentes sejam de fato protegidos em um ambiente inseguro e com
oportunidades reais de desenvolvimento.
A
mudança começa com ações simples, como a conscientização diária e a adoção de
hábitos dentro da família, das escolas, nas comunidades.
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Pais e responsáveis devem estudar e educar os filhos a
respeito dos perigos e benefícios da internet.
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Escolas precisam incorporar discussões sobre cidadania
digital no currículo – Vide BNCC da Computação e prazos
·
Empresas de tecnologia têm o dever de criar ambientes mais
seguros e transparentes.
·
Sociedade civil deve cobrar políticas mais efetivas e
oferecer suporte às famílias vulneráveis.
Faço parte do Instituto Teckids, uma organização da sociedade
civil que desenvolve ações de educação e projetos de inovação voltados à
Proteção das Crianças e dos Adolescentes no Ambiente Digital.
Fica aqui o website e Instagram e LinkedIn: www.teckids.com.br e @teckidsbr. Até
lá!
Colunista:
Karina Queiroz é mãe, casada e possui 27 anos de experiência na área de Tecnologia e Segurança Cibernética. Fundadora do Teckids e Hackshield Brasil, Karina é uma consultora executiva renomada, com passagens por grandes empresas como BAT, Latam Airlines, PwC, Santander e Rabobank, onde ocupou cargos técnicos e gerenciais. Ela possui certificações importantes, como CISSP e CISM, além de especializações no MIT e HarvardX. Em 2022, foi reconhecida como uma das 25 principais mulheres em cibersegurança da América Latina. Karina lidera iniciativas de proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital e é palestrante em congressos nacionais sobre segurança, cibersegurança corporativa e ciber guerra.