Foto: Fran
Camargo
Em 2025, pelo
trigésimo quinto ano, durante a Semana Santa, a Associação Cultural e Teatral
Guarantã realizará o espetáculo "Paixão de Cristo de Piracicaba",
apresentação teatral centrada na epopeia bíblica e que narra os últimos dias de
Jesus Cristo na Terra, em uma encenação com cerca de duas horas de duração.
Em 1990, o
espetáculo da Paixão de Cristo era encenado pela primeira vez em Piracicaba/SP,
no gramado da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Já no
ano seguinte, a peça foi encenada na Rua do Porto e desde 1992, o Engenho
Central passou a ser palco da Paixão de Cristo, permanecendo até os dias
atuais.
A boa recepção
do espetáculo pelo público fez com que a peça prosseguisse a ser encenada na
semana que antecede a Páscoa e, por 35 anos, vem se aprimorando e se
profissionalizando de maneira contínua.
Ainda em 2004,
a Paixão de Cristo de Piracicaba passou a figurar no RankBrasil, que registra
recordes brasileiros nas mais diversas categorias, quando foi incluída por
possuir o maior elenco de teatro a céu aberto, após a 15ª edição da montagem,
registrando 1.200 pessoas, entre atores e figurantes, todos voluntários e a
maioria da comunidade, como integrantes do grupo.
Para o
presidente do Guarantã, o segredo da longevidade do espetáculo, que nesta
edição comemora uma data simbólica, está na composição do elenco.
“É exatamente
na participação popular que mora a força da Paixão de Cristo de Piracicaba.
Temos atores profissionais, amadores e gente do povo participando, muitas vezes
por tradição, mas também por amor”, afirma Marcelo Torresan. “São graças a
essas pessoas que acreditam muito no que estão fazendo, que o espetáculo existe
e tem se perpetuado”, completou.
Fazendo parte
do grupo Guarantã desde seu início, o presidente afirma que os organizadores
sempre tiveram a preocupação de manter o profissionalismo na encenação do
espetáculo, o que para ele, permitiu que o espetáculo se tornasse uma
referência de teatro no município e em toda a região.
“Um espetáculo
tão longevo, e que é considerado uma das maiores montagens cênicas do país do
Brasil, deve ser exaltado não apenas pelo tempo quer perdura, mas pela
dedicação de todo o grupo que realiza o espetáculo, ao permitir que essa
manifestação cultural se prolongue por décadas, atraindo público para o teatro
e incentivando o surgimento de novos atores”, concluiu Torresan.
Pioneirismo
no uso da Lei Rouanet
No interior de
São Paulo, a Associação Cultural e Teatral Guarantã é uma das pioneiras na
captação de recursos via Lei Rouanet. Desde 1997, na oitava edição da Paixão de
Cristo de Piracicaba, a trupe responsável pelo espetáculo iniciou a tentativa
de captação de recursos.
“A Lei Rouanet
tem um papel importante no processo de crescimento e continuidade da encenação.
A associação Guarantã inscreveu seu primeiro projeto para a montagem de 1997,
mas não teve captação naquele ano porque, na época, as empresas ainda não
tinham pleno conhecimento do mecanismo”, informou Marcelo Torresan.
Posteriormente,
no ano de 2000, a Caterpillar Brasil viria a ser a primeira patrocinadora neste
modelo de fomento cultural e participa até esta atual edição. “No ano seguinte,
o projeto foi novamente inscrito com aprovação para captação pelo Ministério da
Cultura e, desde então, temos realizado a Paixão de Cristo de Piracicaba com
recursos da Lei Rouanet há 25 anos continuamente”, comentou.
O projeto da
encenação da Paixão de Cristo de Piracicaba também conta com outros mecanismos
de financiamento como recursos da Prefeitura Municipal, através da Secretaria
da Ação Cultural. “A Secretaria Municipal da Ação Cultural é parceira do
projeto desde a primeira montagem, em 1990”, completou Marcelo.
Captação de
Recursos para 2025 e geração de postos de trabalho Para a 35ª edição, o Projeto
Paixão de Cristo 2025 já conta com patrocínios da Caterpillar Brasil e Rede
Drogal, mas a associação Guarantã continua captando recursos, com prorrogação
já publicada no Diário Oficial da União. “As empresas interessadas podem nos
procurar para obter mais informações sobre o projeto”, informa Heloisa
Andersen, que assume a direção de produção para 2025.
A produtora
ainda destaca que, na trajetória de todos esses anos, os valores aportados
possibilitaram o crescimento do espetáculo, geração de postos de trabalho
temporário e a profissionalização de muitos técnicos e artistas na cidade.
De acordo com o
relatório de 2024 da Associação, foram contabilizados cerca de 250
profissionais envolvidos somente na produção, prestadores de serviço das mais
diversas áreas.
“A montagem é
uma oportunidade de trabalho para muita gente. Inclusive para profissionais que
inicialmente não pensamos estar em uma produção teatral: carregadores,
motorista de caminhão, segurança, engenheiro, eletricista, montador, faxineiro,
costureira, serralheiro, marceneiro, cuidador de animais, sapateiro,
veterinário, advogado, designer, cozinheira, tradutor em libras, tradutor em
audiodescrição, entre outros. Esses são alguns exemplos, sem contar os
profissionais específicos da área de artes cênicas”, concluiu Heloisa.