Mente & Foco
13ª Edição
Título: Clareza, conclusão e certeza: três confundidores emocionais
Em momentos de decisão ou dúvidas internas, é comum buscarmos respostas claras, finais e seguras. Mas o mundo emocional nem sempre funciona com essa lógica. Muitas vezes, o que sentimos é ambíguo, contraditório e tudo bem. Nessa busca por entendimento, caímos em três armadilhas emocionais que mais confundem do que esclarecem: a clareza, a conclusão e a certeza.
A primeira delas é a ideia de que só temos clareza quando não sentimos nenhum conflito interno. Pensamos que, para saber o que queremos, precisamos eliminar todos os “mas” e “e se”. Mas isso não é clareza é perfeccionismo. Clareza, na vida real, pode ser perceber que estamos divididos. Que existe uma parte nossa animada com a mudança e outra com medo do que vem pela frente. E isso não significa que estamos perdidos. Pelo contrário: reconhecer os sentimentos mistos pode ser o sinal mais honesto de que estamos conectados conosco.
A segunda armadilha é a busca por uma conclusão definitiva. Acreditamos que, se pensarmos o suficiente, vamos encerrar o assunto de uma vez por todas, como se pudéssemos guardar uma decisão em uma caixinha com etiqueta de “resolvido”. Mas os sentimentos não funcionam assim. Eles voltam, se transformam, reaparecem. Questionar uma escolha antiga não quer dizer que ela foi errada apenas que somos seres em constante movimento. Assim como o mar, que muda a cada dia, nós também nos revisitamos.
Por fim, vem a certeza. Queremos saber com antecedência que tudo dará certo, que a decisão será perfeita, que não haverá arrependimentos. Mas a vida, por natureza, é incerta. Não sabemos como será o dia de amanhã, se vai chover, se as pessoas vão nos entender, se o plano vai sair como o esperado. E mesmo assim seguimos. Porque viver com coragem não é ter certeza é seguir em frente apesar dela.
Esses três confundidores clareza, conclusão e certeza costumam aparecer quando mais precisamos de acolhimento. E talvez a resposta mais madura que podemos nos dar nesses momentos seja: está tudo bem não saber exatamente. Está tudo bem sentir coisas diferentes ao mesmo tempo. E está tudo bem seguir sem todas as garantias.
Colunista:
Psicóloga Giovana Mendes
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e Transtornos Alimentares
CRP 06/213988
Rua Doutor Alwim, 825, São Dimas
Base – Espaço de bem-estar e saúde
Contato: (1999665 6860 – (1999229-6847
Perfil - @giovana_mendees