Influência pré-digital e o abismo geracional
Vivemos em um momento muito peculiar. Adultos têm
dificuldade de compreender o comportamento e a percepção da nova geração, a
linguagem utilizada para se comunicar, como se definem e o porquê de tudo isso.
Essa grande incompreensão pode levar à julgamentos preconceituosos e parciais,
dificultando qualquer conexão com a nova geração.
O resultado dessa evidente falha de comunicação é a grande quantidade de proibições ineficazes de acesso e uso dos benefícios que a Internet proporciona, o que, no final, acaba prejudicando o desenvolvimento das crianças. Essa situação é agravada por interrupções, dúvidas e desencontros de regras e acordos que chegam até elas. Este artigo explora a importância de compreender as diferentes realidades e estabelecer caminhos para melhorar a compreensão de diversas visões e perspectivas sobre o ambiente digital, com base no conhecimento técnico e científico.
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A visão das crianças e dos adolescentes
Uma pesquisa internacional de 2021 da Unicef mostra que a
Internet é vista, pelos adolescentes, como uma ferramenta de inclusão,
pertencimento e desenvolvimento de habilidades. Afinal, a nova geração cresceu
cercada pela tecnologia e por ela interagem facilmente com amigos, estudam com
diversos professores e se inserem em contextos que os satisfazem, que adiciona
algo, na visão deles. Para eles, a tecnologia conecta realidades – o que de
fato é verdade.
E ainda no campo da empatia, qual é a visão deles sobre os
adultos?
Restrições sem explicações plausíveis são recorrentes, uma
percepção de que muitas vezes, o que prevalece é a ignorância e o autoritarismo;
Tempo excessivo de tela é visto e relatado como “vício”,
sem considerar a situação e o contexto em que as crianças e os adolescentes
estão envolvidos;
Uma pesquisa de 2022 da Common Sense Media revelou que
adultos passam em média 7 horas por dia online o que é visto como hipocrisia
tecnológica e uma clara falta de autoridade por hierarquia ou mesmo
meritocracia por parte dos pais.
A visão de desconexão da realidade, conflitos e
incompreensões não são exageros, é a vida como levamos hoje. Por esse motivo
precisamos mudar. As crianças e os adolescentes buscam compreensão, amizade,
paciência, parcerias com diálogo respeitos, assim como os adultos. Quando
sentem que os adultos ignoram suas perspectivas, tendem a se afastar
emocionalmente. O respeito deve ser mútuo, com certeza, contudo o exemplo
começa com a educação parental.
A consequência pode ser irreversível
Sabemos que o uso excessivo e inadequado da Internet são
aspectos preocupantes e que precisa de atenção imediata, porém, a ausência de
comunicação e estudo profundo sobre o assunto, além da falta de união e
colaboração entre cientistas, empresas de tecnologia, pais, educadores e
profissionais das áreas da saúde, segurança, entre outras só agrava o problema.
A máxima da proibição pode ser um primeiro passo, mas
funciona a médio e longo prazo? Devemos nos questionar se, com a urgência
vamos:
Atrasar a educação digital o que pode levar a um retrocesso
no avanço da cidadania digital responsável e segura.
Criar relações conflituosas e distanciar mais ainda, pais e
filhos
Aumentar a exclusão social interferindo no processo da
busca pelo pertencimento, já que hoje, o meio digital faz parte da interação
social.
Fomentar o sentimento de punição desmedida, dado que proibições
são aplicadas apenas às crianças e aos adolescentes, nunca com adultos.
Ações que já podemos colocar em prática?
Reiniciar o diálogo respeitoso com crianças e adolescentes
Exigir que as escolas se especializem no assunto e incluam
a temática da segurança digital no curriculum – o que já é uma exigência
nacional considerando a BNCC da Computação
Usar controle parental em casa, nos aparelhos eletrônicos.
A tecnologia pode ajudar e muito nessa jornada.
Participar e acompanhar os debates relevantes, evitando
sensacionalismos, nem tudo precisa ser explorado e muitas vezes nem faz sentido
para o contexto em que você vive. Sensacionalismo é marketing, fuja e deixe de
seguir!
Lembre-se, antes de aplicar julgamentos ou restrições
desmedidas, é fundamental que os adultos se coloquem no lugar das crianças e
adolescentes e busquem entender suas realidades. O caminho certamente é a
educação, a regulação responsável e a honesta abertura para o diálogo.
Saiba
mais no Instituto Teckids, uma organização da sociedade civil que desenvolve
ações de educação e projetos de inovação voltados à Proteção das Crianças e dos
Adolescentes no Ambiente Digital.
Fica
aqui o website e Instagram e LinkedIn: www.teckids.com.br e @teckidsbr. Até
lá!