26. Carnaval
“Olha que eu conheço essa cara
Você chegou de cima
Vem comigo, toma a chave do
meu coração
Eu já entrei no clima
Olha que eu conheço esse pique
No seu teatro também quero ser
atriz
Deixa eu sair no seu bloco
Me laça, me beija, me faça feliz
O sol raiou
Tomou conta da praça
Sua energia
O sol raiou
Prá dizer ao país
Que hoje é o dia D.”
Música: Energia de Elba
ramalho.
Eu nasci num sábado de
carnaval. Sempre gostei e sempre cantei no carnaval.
Desde 1994 quando entrei na
Banda Opus, cantei anos a fio nos carnavais.
Os carnavais em clubes estavam
no auge, cantei no Cristovão, no Clube de Campo, no Atlético, até no Palmeirão,
sem falar nos bailes de carnaval de outras cidades.
Os preparativos começavam
meses antes, com a escolha do repertório, figurino etc. Todo ano tinha a música
que era o “hit” do momento e a gente aprendia pra cantar e fazer a dancinha.
Cantar em banda é um “baita” aprendizado, muitas coisas acontecendo ao mesmo
tempo. E se for uma banda grande com dançarinos, metais, teclados, guitarra,
baixo, bateria e percussão fica ainda maior a responsabilidade dos cantores.
Ah...eu me sentia uma
celebridade, todos dançando e cantando junto comigo. É uma energia sensacional.
Hoje o perfil do carnaval
mudou muito e até de outros tipos de evento que eu fazia, como bailes de datas
especiais. Dia das Mães, Baile de Aleluia, do Dia dos Namorados, Baile do
Hawai, Bailes de formatura, enfim...tudo era motivo para se ter um baile (risos).
Foi um período romântico, em que todo mundo aguardava ansiosamente para ir ao
clube dançar.
Agora os Blocos estão em alta
com trios elétricos e as escolas de samba ficaram mais para o eixo Rio/São
Paulo.
Ainda acredito que seja a
festa cultural mais eclética e democrática que o país possui, porque uma
infinidade de estilos musicais que foram agregadas ao que antes eram
marchinhas, sambas enredo, frevos, axés e pagodes.
No que tange a qualidade das
letras...aí já fica complicado, porque tem algumas muito vulgares, mas quem
viveu o auge de “É o tchan” e outras modinhas dos anos 90, não pode falar muito
não.
Por fim, eu sinto um movimento
cíclico, que assim como o da moda vestual que está sempre revisitando o passado
para reinventar o presente, a música e os costumes de festas como a do
carnaval, também acabam por trazer referências passadas para nos apresentar
“velhas novidades”. Então, talvez os bailes nos clubes também tenham seu
“revival[1]”.
“A minha alegria atravessou o
mar
E ancorou na passarela
Fez um desembarque fascinante
No maior show da Terra
Será
Que eu serei o dono desta
festa?
Um rei
No meio de uma gente tão
modesta
Eu vim descendo a serra
Cheio de euforia para desfilar
O mundo inteiro espera
Hoje é dia do riso chorar...”
Música: É hoje de Didi e
Mestrinho
[1] Revival palavra inglesa que significa Ressurgimento; Reavivamento.
Colunista:
Wana Narval
Cantora, pedagoga, licenciada em Música, mestre em Educação e escritora, é uma artista atuante na cidade de Piracicaba, participando de diferentes projetos culturais. Já cantou como back vocal com a dupla Cézar e Paulinho e foi vocalista na banda Opus, Falando da Vida, Revivendo. Intérprete versátil e eclética, domina diversos estilos musicais e canta em variadas línguas, atualmente integra a Banda Claro Cristal, Banda JáQue, Ternamente eclético, Casa de Noel, como a Mamãe Noel e o Duovox.
Instagram @wananarval
Email wanabackvocal@hotmail.com