Foto Rubens Cardia - Câmara Municipal
As
potencialidades e os desafios tecnológicos advindos de um mundo em constante
mudança foram abordados em duas palestras na tarde de quarta-feira (23), no
Salão Nobre da Câmara Municipal de Piracicaba, ministradas pelo agente de
inovação da AiX, Pedro Chamochumbi, e por Paulo Munhoz, artista multimídia
fundador do Studio Monumental.
As
palestras são as primeiras atividades, na Câmara, da Semana Municipal de
Criatividade e Inovação, instituída no Calendário Oficial de Eventos do
Município pela lei 9736/2022 e, no Legislativo, pelo decreto
legislativo 12/2023, ambos de autoria da vereadora Silvia Morales (PV), do
mandato coletivo A Cidade é Sua.
A
Semana, cujas atividades vão até sexta-feira (25), também está integrada à
programação oficial do World Creativity Day 2025 (#WCD2025), considerado o
maior festival colaborativo de criatividade do mundo.
Ecossistema
de Inovação - Em
sua exposição, Pedro Chamochumbi trouxe um panorama do cenário piracicabano
voltado à inovação e ao desenvolvimento tecnológico, apresentando indicadores e
condicionantes que fazem da cidade um polo gravitacional atrativo para
investimentos em diversas áreas criando - à semelhança do conceito advindo da
biologia e da ecologia -, um verdadeiro ecossistema em que diversos atores
estabelecem relações de interdependência, que trazem resultados para além
daqueles obtidos apenas pelo esforço individual.
“Piracicaba
é um ecossistema muito rico, diversificado, hoje globalmente reconhecido -
principalmente pelo esforço histórico, com destaque especial para a última
década - , em que consolidamos Piracicaba como o epicentro global de
desenvolvimento de tecnologias para a agricultura. Mas essa transformação
digital na agricultura é suportada por outras frentes de tecnologia e outras
verticais estratégias”, explicou o palestrante.
Segundo
Pedro Chamochumbi, há pilares fundamentais que fazem com que esse ecossistema
continue a operar e crescer, como a existência de um ambiente regulatório
favorável à ciência, à tecnologia, à inovação e aos negócios, a grande presença
de instituições de ensino e de pesquisa públicas e privadas, além e de um
ambiente produtivo forte e demandante por novos desenvolvimentos.
“Nós
estamos sempre na fronteira da ciência, provocando essa pesquisa inovativa que
depois, com essa boa dose de empreendedorismo e cultura de inovação, nós
transformamos de fato em inovação, gerando empregos, nota fiscal. Então,
Piracicaba criou um ambiente perfeito para o desenvolvimento de negócios
inovadores e para ostentar essa visão de que somos, de fato, um ecossistema”,
destacou.
Bruno
Chamochumbi ainda salientou a importância do poder público como ator
indispensável ao desenvolvimento, para além da proposição de leis, mas também
por meio de políticas de incentivo e de definição de territórios e de ambientes
de inovação, como hubs, parques e centros de inovações.
“O
poder público pode incentivar a inovação de diversas formas, mas eu tenho
certeza que a principal é estimular também o ambiente educacional, para que
desde a educação básica, passando pelo ensino técnico, pelo ensino superior,
seja construído um ambiente onde os curiosos, os inovadores por natureza,
encontrem um local fértil para se desenvolver”, falou.
Os
diversos dados e indicadores sobre o potencial local para o desenvolvimento e a
inovação apresentados pelo agente de inovação podem ser conferidos na
plataforma “Observatório do ecossistema Piracicaba - SP”.
Utopia
e distopia tecnológica - O
impacto do fervilhar tecnológico nas dinâmicas sociais foi, na sequência,
abordado pelo artista multimídia Paulo Munhoz, que ao longo de sua apresentação
buscou destacar que as tecnologias são fruto de um meio, refletem e incorporam
intrinsecamente ideias e conceitos diversos e, portanto, não podem ser tomadas
como neutras e dissociadas do seu entorno.
Para
o palestrante, em meio a mudanças tecnológicas recentes e simultaneamente tão
impactantes para a dinâmica social, como a inteligência artificial (IA) e os
computadores quânticos, que em frações de segundo realizam operações antes
impraticáveis, é natural que surjam tanto pensamentos tidos como utópicos, que
acreditam que as tecnologias podem, de fato, trazer melhorias à coletividade,
quanto aqueles classificados como distópicos, em que o ser humano é visto cada
vez mais como um refém das ferramentas de controle e monitoramento.
Assim,
de acordo com ele, frente a essa tensão entre utopia e distopia, é premente que
a inovação e a automação sejam pensadas e planejadas com um propósito social,
que vá para muito além do lucro, pautadas por valores éticos voltados ao bem
comum.
“Temos
o poder para criar a realidade já, todas as ferramentas já estão à disposição.
O que precisamos é rever, basicamente, as formas nas quais tentamos obter lucro
dos outros ou, simplesmente, de obter lucro destruindo coisas, o que não
necessariamente é a melhor opção. Com tanta tecnologia, com tantas soluções,
com tanta inteligência artificial, existem milhões de possibilidades para que
você, sentado em casa, converse com uma IA e comece a criar soluções para o bem
da humanidade. A sua função é exatamente se prontificar a dar o primeiro passo
pensando no bem que você vai fazer pelo outro”, defendeu Paulo Munhoz.
Nesse
sentido, para o palestrante, o papel da curiosidade e da busca pelo
conhecimento por meio do autodidatismo é cada vez mais fundamental.
“Estudar
os mecanismos, as inteligências artificiais, os diferentes temas e poder unir
isso dentro do seu currículo é algo que não dá para se escapar, você vai
precisar fazer isso. Você pode terminar a faculdade, mas isso não garante que,
daqui a dois, três anos, isso não seja tomado por outra inteligência artificial
ou algo nesse sentido. Daí a importância do autodidatismo como uma forma de
buscar inspiração e visão de mundo para frente, de experienciar a natureza e as
diferentes tecnologias, a convivência com as outras pessoas e com todas as
diferentes culturas. Aprendendo de tudo um pouco, crescemos como seres humanos
e, também, como profissionais”, falou.
As
palestras foram acompanhadas por alunos do ensino médio e do curso técnico em
vendas e logística da Escola Estadual Barão do Rio Branco.
“Muitas
questões que foram tratadas aqui hoje são assuntos que estamos vendo no curso
técnico. Tudo o que tratamos é voltado à tecnologia nessas áreas. Eu tinha
ideia que Piracicaba tinha um ecossistema avançado, mas não esperava essa
quantidade e os investimentos pesados existentes em nossa cidade. Trazer isso
para dentro da escola, para a realidade dos alunos, como eles viram aqui, é
realmente algo muito bom. É importante que eles vejam o capital que Piracicaba
tem, o capital das empresas de tecnologia, e como chegar pronto dentro dessas
empresas”, disse a professora Luciane Perecin.
"Essas
duas palestras trouxeram essa questão da inovação e da criatividade,
principalmente para os jovens que aqui estavam, e dão um “up”, mostram
que há várias startups, várias instituições na cidade, que é um
polo tecnológico, além de destacar cada vez mais o papel da internet em nossas
vidas. Então, é importante trazer cada vez mais esse debate para dentro do
poder público”, destacou a vereadora Silvia Morales, que fez um convite para
que a população participe das demais atividades que acontecem ao longo da
semana.
Mais
atividades - No
dia 24, às 13h, o Studio Monumental oferecerá uma atividade prática de
experiência com óculos de realidade virtual, no hall do salão nobre. Logo em
seguida, às 14h, no próprio salão nobre, terão início palestras com foco na
inovação no terceiro setor: o presidente da Casa do Hip Hop, Ubirajara Sabino,
o Bira, apresentará o programa "Bora pro Trampo", seguido de Karina
Queiroz, do Instituto Teckids, com a apresentação dos programas "Segurança
Cibernética" e "Escolas Sentinelas".
Com
a inovação no setor público como tema central, o quarto e último dia de
programação, na sexta-feira (25), terá, às 14h, as participações da
coordenadora da Vigilância Socioassistencial da Secretaria Municipal de
Assistência, Desenvolvimento Social e Família, Janaina de Lima, e do monitor de
informática da Secretaria Municipal de Transportes Internos, Felipe Carboni,
que apresentarão a plataforma Observatório Social. Em seguida, João Viccino e
Alexandre Landgraf, servidores do Departamento de Tecnologia da Informação da
Câmara, demonstrarão o sistema de histórico dos processos legislativos e o
Câmara Digital.