Tecendo os fios da vida
Coziam-se os
casulos no vapor e a escupineira procurava, até encontrar, os fios de cada meada e passava-os para a fiandeira.
Sônia Maria Verde Bortolli e quase todos da família trabalhavam no manejo do
bicho-da-seda. O pai, Cesário, herdara uma fazenda em Charqueada. Recebiam as
larvas das lagartas da Indústria de Seda Rivabem, que comprava a produção deles
e de todos os demais agricultores familiares da região. A cidade chegou a ser
chamada “Capital da Seda”.
De lida
trabalhosa e minuciosa, a sericicultura é realizada em galpões ou em ranchos
com até 80 metros de comprimento ― as sirgarias. Nas três semanas em que o
bichinho vive como lagarta, alimenta-se, exclusivamente, com folhas de
amoreira. Na propriedade do senhor Cesário, havia sete alqueires com o pomar.
Sônia trabalhou em todas as etapas: desde o manejo na fazenda, quando menina,
até as funções de fiandeira e de tecelã, quando adulta, as mais elaboradas na
indústria. Casou-se, jovem, com Sérgio, que também apreciava a vida no campo.
Tanto, que compraram um rancho à beira do rio Teles Pires, na cidade de
Sorriso, no Mato Grosso, distante 1800 quilômetros de Piracicaba.
Sônia
aprendera a fumar com as amigas, que iam à sua casa acender os cigarros, pois
os pais delas as proibiam. Sandra, a irmã mais nova, trabalhava com o pai na
fazenda. Plantavam milho, feijão, arroz e cana de açúcar e criavam frangos e os
bichos da seda. A fumaça dos cigarros ajudava a espantar os mosquitos.
Pouco se
recorda da vida quando não fumava cigarros. Estes ficaram tão presentes na sua
rotina, que só conseguia ir ao banheiro se, antes, acendesse um. Ao tragar o
cigarro, puxa-se o ar para os pulmões, mas ele, também, vai para o estômago e o
intestino, aumentando, muito, os gases intestinais. Além disso, o tabaco
provoca irritação no aparelho digestivo, piorando o desconforto. O fato de se
experimentar alteração intestinal, como a constipação, quando se abandona o
tabagismo, pode, também, ser explicado pelo condicionamento de, sempre, fumar
um cigarro antes de ir ao banheiro.
Certa vez,
trinta anos atrás, interrompeu o vício durante um ano inteiro, mas, como não
conseguia evacuar, voltara a fumar. Em julho de 2023, sofrendo, novamente, dos
intestinos, Sônia buscou a ajuda do Dr. Ricardo Tedeschi, que a recomendou a me
procurar para tratar o tabagismo. Chegou acompanhada de Sandra e seguiu o
tratamento à risca, conseguindo êxito.
Conta que,
mais de um ano depois, ainda sente vontade de fumar, principalmente, quando
está contrariada, mas seus guardiões, o marido Sérgio ou a irmã Sandra, não a
permitem. Tem, sempre, em casa ameixas secas ou uvas passas e não toma mais
café. Depois que parou de fumar, o intestino melhorou.
Sônia e o
marido planejam viajar, em breve, ao Mato Grosso, mesmo que não possam trazer
pacus, tambaquis, cachorras e matrinxãs, já que a pesca, na região, se encontra
proibida pelo prazo de cinco anos. O contato com a natureza compensará.
Dra. Juliana Previtalli é cardiologista
e atende em seu consultório particular. Agendamentos por mensagem para (19)
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